terça-feira, 30 de novembro de 2010

HISTÓRIA DO CONGO

Nos últimos anos o congo tem ocupando cada vez mais, lugar de destaque nos veículos de mídia, e nas discussões entre os artistas e intelectuais. No entanto, são poucas as informações sobre a origem e formação desses conjuntos musicais, que já foram chamados de bandas de índios, bandas de congos, e atualmente bandas de congo. O congo é considerado por estudiosos das tradições populares do Espírito Santo, como uma dança folclórica, por ser um grupo musical de estrutura simplificada, com dançadores e um dirigente (mestre), possui coreografia própria, sem texto dramático, e outras pessoas podem ser incluídas, isto quer dizer: podem participar desta manifestação, que possui características próprias sem igual em outros estados do país.

AS BANDAS DE ÍNDIOS

A origem das bandas de congo é anterior ao século XIX. Entretanto, a sua formação inicial foi perdida com a aculturação dos povos indígenas. Esses grupos musicais, descendem dos cantos e rituais dos índios. O historiador e mestre Guilherme Santos Neves, que muito contribuiu para o conhecimento do nosso folclore, conta-nos que os primeiros registros impressos sobres elas, conhecidas como Bandas de Índios, são do Padre Antunes de Siqueira (1832-1897), poeta, teatrólogo, educador e filólogo, natural de Vitória, exerceu as funções de sacerdote em São Mateus e na Aldeia Velha (Santa Cruz), por volta do ano de 1855. Ele descreveu a forma do primitivo conjunto musical, integrados por índios Mutuns, que habitavam as margens do Rio Doce: "Nas danças acocoram-se todos em círculo, batendo com as palmas das mãos nos peitos e nas coxas".(1) Indica também o instrumental por elas utilizado: "Os cassacos (casaca), um bambú dentado, corrida a escala por um ponteiro da mesma espécie; e também tambores feito de pau cavado, às vezes oco por sua natureza, tendo em uma das extremidades um couro, pregado com tarugos de madeira rija (...). A eles juntam o som produzido por um cabaz {cabaça}, cheio de caroços de sementes do mato". (2) Esse instrumental das Bandas de Índios descrito por Antunes de Siqueira, permanece até hoje nas bandas de congo, devidamente adaptados.

biard Outros registros importantes da existência das bandas de congo no século XIX, são: os do viajante francês Auguste François Biard (foto), e do Imperador Pedro II. Biard as descreve no seu livro de viagens, quando visitou Santa Cruz (atual município de Aracruz), em 1858. Destaca o seu encontro com indígenas por ocasião da Festa de São Benedito. O naturalista francês, encantado com a passagem do cortejo, registrou a cena em desenho, legando-a para a posteridade.

dompedro Sua Majestade Dom Pedro II, quando passou pela Vila de Nova Almeida, em 1860, fez questão de desenhar (foto) em seu diário, "o nosso reco-reco de cabeça esculpida, anotando-lhe, inclusive, o nome 'cassaca' ".

A esses preciosos documentos, mestre Guilherme Santos Neves, acrescenta o de D. Pedro Maria de Lacerda, Bispo do Rio de Janeiro, em visita ao Espírito Santo, entre 1880 e 1886. Os seus escritos narram fatos importantes sobre as autênticas bandas de congo: No dia do aniversário da Igreja dos Reis Magos em Nova Almeida (município da Serra), observou entre o conjunto de índios a presença de um "negro velho" e a maneira dos músicos tocarem os tambores: " É de saber que os tocadores de guararás (tambores), quando vêm, os trazem debaixo do braço, e quando param, montam-se sobre ele e com ambas as mãos batem no couro de uma das bocas. (...) Os mais ficam em pé. Adiante do tambor é que se dança, que é simplésima, mas tem sua graça; o capitão, esse que tem na mão a vara, que ele empunha com muito garbo." (5) Nas suas anotações, o Bispo refere-se ao Capitão: "Visitou-me o Capitão dos Índios por nome João Maria dos Santos." E explica: Um Capitão de Índios hoje é apenas um nome, como o do Imperador do Divino e Rei do Congado. Para as danças é ele o Presidente ". (6)

caieras Em visita posterior à localidade de Fundão, o Bispo observou que à dança puramente indígena, "A dança é mui modesta e descente: consiste em algumas piruetas, sem saltos, elevação do pé estendido para diante, algum cruzamento de pernas, e sapateados"; (7) havia uma mistura de dança de negros, com mais animação: (...) Outros dançaram, (...) com saltos, muito cruzamento de pernas, que também às vezes separavam e logo uniam, e que outras vezes arqueavam. (..) Dois meninos dançavam assim com muita graça. Quando um acaba aponta outro, que deve apresentar-se pertinho dos guararás (tambores) e dali começa a dança." (8) Outra observação interessante sobre esse episódio ocorrido defronte a pequena capela do lugar, trata do processo ainda utilizado para afinação dos guararás (tambores), aquecendo as peles, próximo à uma fogueira, o que para o Bispo ficou algo incompreendido: "Fizeram uma boa fogueira, de cavacos, que pouco durou, e não fazia necessário porque a noite estava clara e fazia algum luar". (9)

Segundo as pesquisas do mestre Guilherme, "essa intromissão do elemento negro no folguedo ameríndio é que deu agitação e vida ao conjunto musical e dançante".(10) Os negros acrescentaram sua maneira descontraída e auto-expressiva de dançar. "(...) sem nenhuma repressão dos impulsos individuais; sem a impassibilidade das cerimônias indígenas" (11)

Ao registrar a participação dos negros nas Bandas de Índios, o Bispo D. Pedro Maria Lacerda, curiosamente datou em 1880, essa apropriação por empréstimo entre o folclore afro-brasileiro e o dos índios nativos.

A permanência dos negros de cultura banto (originária de Angola), em solo capixaba durante o ciclo do café, favoreceu a participação deles nas bandas de congo, "ao reviver as cortes africanas, com pompa e magnificência, organizaram-se hierarquicamente, para louvar a Virgem do Rosário e São Benedito",(12); além de São Pedro, São Sebastião e Nossa Senhora da Penha, a padroeira do Espírito Santo.

Esse complemento das festas dos santos, a devoção, a dramatização e o cenário, a reunião nas praças das igrejas, em torno das quais cresciam os povoados, tem algo da cultura ibérica.

"Os padres jesuítas {portugueses e espanhóis}, tiveram participação nesse processo, ao cuidarem da catequese dos índios, e prestar assistência moral aos colonos portugueses, passaram a introduzir total ou parcialmente as expressões nativas nas artes (música, teatro e dança);" (13) com o intuito de reunir toda a gente, e apaziguar os ânimos entre os indígenas e os colonizadores, que como sabemos, viviam em conflito.

O teatro religioso, empregado desde a Idade Média para veicular idéias e ensinamentos foi desenvolvido em terras capixabas pelo padre José de Anchieta. "Ele escreveu autos e poesias, que deram origens a outros possivelmente inseridos nas nossas manifestações folclóricas". (14) Esses autos, além das festas e alardos portugueses, eram representados em Vitória, desde o século XVI, na praça ao lado do Palácio Anchieta, hoje, sede do Governo Estadual.

Os colonizadores portugueses também trouxeram os seus costumes, e aqui permaneceram juntando ao mesmo tempo os modelos lusitanos, as formas afro-brasileiras e as de inspiração indígena. Essa junção de culturas, como acontece em outros Estados brasileiros, principalmente os do Nordeste, fez com que no Espírito Santo, o maior número de danças e folguedos populares fossem vinculados às comemorações do nascimento de Cristo, ou realizados em sua homenagem, porque são apresentados unicamente nas datas próximas do Natal, denominadas de festas do ciclo natalino. Outras correspondem aos dias dos santos: dia 26 de dezembro dia de São Benedito; e Nossa Senhora da Penha no dia 08 de abril. É bom lembrar, que o culto a São Benedito, muito venerado em Portugal e Espanha, foi trazido pelos colonizadores. Os índios catequizados o adotaram. O viajante Biard, cita em seu relato sobre a banda de índios, o fato de em meio ao cortejo, um índio paramentado que levava a imagem do santo, filho de escravos, nascido na Sicília-Itália, que viveu pobremente e peregrinou pelos países da Europa Ocidental.

Os ilustres personagens que registraram as primeiras referências sobre as bandas de congo, esqueceram-se de escrever no entanto, o que eles cantavam. Mas por certo, graças a esses registros valiosos, é que hoje conhecemos a sua origem: uma dança ritual dos ameríndios, tomada por empréstimo pelos afro-brasileiros e os portugueses, que nelas imprimiram seus traços culturais: religiosos, lingüísticos, musicais, danças rituais e crendices.

AS CORTES DO REI CONGO DE ANGOLA

Outro grande mestre, incentivador e divulgador do folclore capixaba, Hermógenes Lima Fonseca, em depoimento sobre nossas manifestações populares assim refere-se a elas: "É como eu disse né, a turma vai astuciando coisas pra se tornar diferente; porque o folclore não é uma coisa estática, ela evolui; o povo está sempre criando aí criando". (Primeiro CD do grupo Manimal, faixa 1).

As Bandas de Congo, foram assim se modificando com o passar do tempo. O nome guarará, foi mudado para congo ou tambor, por isso, o conjunto veio a ser denominado banda de congo, como hoje é conhecido, e que faz melhor referência à África, "as cortes do congo tem a sua origem em Angola". (15) Também o termo massaraca ou massacaia, foi mudado para chocalho ou sucaio. Feito de cabaças, tendo no seu interior sementes do mato, que hoje são substituídas por grãos de feijão e milho. Outro instrumento de origem africana, a puita ou cuíca, foi introduzido. Permaneceu o cassaco, "também chamado cassaca ou cassaco, ou ainda por contaminação, canzaco, evidente influência de canzá ou ganzá, que seria termo quimbundo, segundo os entendidos em línguas africanas" . (16)

Somam-se a essas transformações, as anteriormente referidas sobre o "modo de dançar dos negros e mais as toadas, onde se encaixam aqui e ali, termos e expressões africanas, referências à escravidão, entoadas dentro do ritmo negro, quente e sensual." (17)

panela Quando em 1951, comemorava-se o IV Centenário da Cidade de Vitória, foi realizada a primeira concentração de bandas de congo; nesse evento já se notavam diferenças entre os conjuntos. Segundo mestre Guilherme Santos Neves, a de Caieiras Velha (Santa Cruz), "conservava o instrumental mais rústico: os tambores (troncos ocos) e os cassacos não apresentavam a mesma forma dos outros, não sendo, na sua feitura, utilizados pregos, mas tarugos de madeira" (18), e à monotonia dos seus cânticos, compostos por dois ou quatro versos repetidos continuamente, remetem àqueles observados em 1880 pelo Bispo Pedro Maria Lacerda em Nova Almeida e Fundão. A cidade de Vitória esteva bem representada. A Banda de Congo Amores da Lua, das mais conhecidas, teve sua origem no Bairro Santa Marta, quando o ferroviário Alarico de Azevedo, a professora Jacinta Souza e o devoto de São Benedito Alfredo Manoel Silva se encontraram em 20 de março de 1945. Outra Banda participante foi a "Panela de Barro", fundada em 1938. O dono da banda (em 1982), era Arnaldo Gomes Ribeiro, proprietário da fábrica de panelas de barro em Goiabeiras, bairro da zona norte da capital. "Daí o nome Banda de Congo 'Panela de Barro' ". (19) Referência ao artesanato típico fabricado pelos seus integrantes, que é utilizado para preparar nossas delícias da arte culinária: moqueca e torta capixaba.

Tradicionalmente o conjunto é formado por 10 a 30 pessoas. Só os homens tocam os instrumentos. As mulheres representam as Rainhas, trajam vestidos longos, nas cores azul ou branco, com enfeites, e levam à frente o estandarte com o Santo de louvor, São Benedito, São Sebastião, São Pedro, Nossa Senhora do Rosário. Uma das antigas festas realizadas pela Irmandade dos Pretos do Rosário e São Benedito no centro de Vitória, eram os Bailes de Congo, representados no adro da Igreja do Rosário, por doze meninas vestidas e enfeitadas e uma gorda matrona.

SONS DA NATUREZA E CANTO DA ALMA

A casaca: Instrumento peculiar das Bandas de Congo, recebe outras denominações conforme o lugar: cassaca, canzaca, canzá, ganzá, carcaxá, reque-reque e reco-reco. Ao tocador dá-se o nome guerreiro de tocador de reco-reco ou reco-requista, canzaqueiro, conguista, casaquista e folgador, segundo inquérito realizado em 1953 pela Comissão Espírito-santense de Folclore. Também aparece em outras manifestações folclóricas brasileiras como o jongo e o caxambu, também presentes no Espírito Santo.

instrumentos É uma das variações do reco-reco. A cabeça esculpida é que lhe dá o diferencial, fazendo dele um instrumento antropomórfico (de forma humana). Os congueiros esculpem uma cabeça humana no topo do instrumento, deixando o pescoço como local para segurá-la, enquanto o corpo , o casaco, é revestido com o reco-reco de madeira dentada, (esses instrumentos de percussão, são conhecidos como diáfonos, por possuirem a sonoridade própria do material com o qual foram fabricados, através de atrito ou fricção) .

Segundo informações coletadas por Michel Dal Col Costa, da Casa de Congo Mestre Antonio Rosa, da Serra, alguns velhos congueiros afirmam que, quem era esculpido na casaca era alguém odiado pelo grupo, como capitães do mato e maus senhores. O fetiche, era uma forma de satirizar esses homens terríveis, agarrando-os pelo pescoço, costume introduzido aqui por escravos afro-brasileiros. O instrumento é fabricado tradicionalmente com uma madeira de alagadiços chamada tagibubuia. Na Serra, o artesão local de nome Tute, vem fabricando uma nova versão do instrumento, utilizando canos de PVC, ao invés da madeira nativa. Sem perder a qualidade estética e a sonoridade original, está sendo adotada por diversos congueiros.

O modo de tocar os tambores (guararás), sentado sobre eles cavalgando-os, e os instrumentos originais dos índios, a casaca e o chocalho, aos quais os negros ajuntaram a cuíca, são complementados por outros: apito, triângulo(ferrinho), caixas, sanfonas (estas por influência da imigração italiana como ocorreu em Colatina-ES), pandeiros e ganzás. Os instrumentos são pintados nas cores da banda. Os da Banda de São Benedito na cidade da Serra, tem as cores verde e rosa, e em Cariacica, no grupo do mesmo santo de louvor, eles são pintados de verde.

As canções: Guardadas de memória ou improvisadas, elas falam de temas variados: "o mar, o amor, a natureza, a devoção aos santos e, por vezes a morte; (...) concorre para fazê-las triste a maneira dolente de cantá-las prolongando demasiadamente as vogais finais do último verso do refrão, que mais parecem lamentos e gemidos em âââââ, em êêêêê, em ôôôôô." (20) Um trecho dessas canções que falam de amor, foi recolhido na Serra em 1954 por mestre Guilherme:

Eu tô chorando ô Maria
Vem me acalentá ô Maria
Por causa do amor ô Maria
Que me faz chorá
Ô Maria....

rosa Nas últimas décadas do século XX, simultaneamente à paralisação de alguns tradicionais conjuntos de Congo do Espírito Santo, por falta de instrumentos, organização e incentivos, surgiu um movimento em prol de sua valorização. Se hoje o Congo está vivo, e novas bandas estão em ação, devemos isso ao empenho de Mestre Antonio Rosa, que foi mestre da Banda de Congo de São Benedito da Serra/ES. Foi ele responsável por manter - pela permanência das tradicionais bandas de congo serranas - os segredos sobre a fabricação artesanal dos instrumentos utilizados pelas bandas, e pela formação de artesãos para a sua construção. Além deste incentivo auspicioso, foi também guardião de muitas histórias do Congo.

RITUAIS PROFANO-RELIGIOSOS

Segundo mestre Antonio Rosa, os 25 músicos que integram as bandas, representam os 25 escravos que se salvaram do naufrágio do navio Palermo nas proximidades do litoral de Nova Almeida, em 1856, agarrando-se ao mastro que continha uma imagem de São Benedito. Desde então, as comunidades de negros do litoral capixaba passaram a fincar o mastro todos os anos para agradecer o milagre, São Benedito é louvado nas festas do mastro, com a cortada, a puxada e a fincada. A Festa de Congo de São Benedito, e as cerimônias do mastro começam duas semanas antes dos dias 25 e 26 de dezembro, respectivamente o dia de Natal e o dia do Santo. Na Serra um cortejo sai pelas ruas da cidade, com o barco, o mastro e a bandeira do santo, e as bandas tocando os seus instrumentos, acompanhado pelo povo que entoa as suas cantigas. Ao final, com grande satisfação e espocar de fogos, o mastro é fincado em frente à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Para fechar esse ciclo, no Domingo de Páscoa acontece a derrubada do mastro, que é retirado da praça e levado pelo povo através das ruas da cidade, em uma coreografia que lembra o movimento das ondas do mar revolvendo o mastro, no qual os sobreviventes do Palermo se agarraram, e foram levados até a praia, por um milagre do Bino Santo. A representação é acompanhada pelas bandas de congo em todo o seu trajeto.

Outro festejo que merece destaque é o Congo de Máscaras de Roda D'água de Cariacica/ES, realizado pela Banda de Congo de Santa Isabel, e bandas convidadas. Segundo o historiador e folclorista Eliomar Mazoco, autor do livro 'Congo de Máscaras', "a festa acontece três vezes por ano: no Domingo de Ramos, no domingo seguinte, e no dia de Nossa Senhora da Penha. Só os membros da comunidade participam da brincadeira. Eles confeccionam as máscaras com moldes de barro e papel marche" (21), e fazem as fantasias, com roupas usadas, papel, folhas de bananeira e outros materiais. Os instrumentos e máscaras eram feitos pelo mestre Queiroz. Outra banda local, é a São Benedito de Cariacica, fundada em 1937, que conta ainda, com um de seus fundadores, Benedito Epifânio.

madalena Mestre Antonio Rosa, lembrava sempre da figura do "tio Zé", José Maria da Silva, o autor da maioria das músicas de congo, e da mais famosa delas: "Madalena, Madalena", que ele fez para sua filha quando do seu nascimento. A música foi popularizada, através de sua gravação pelo sambista Martinho da Vila, que a escutou pela primeira vez na Barra do Jucu (Vila Velha), com a letra modificada, adaptada pela banda local, pois cada banda de congo possui suas características próprias, seja quanto aos versos das músicas, ao número de integrantes, aos instrumentos e as cores com que são pintados. A repercussão de "Madalena", chamou a atenção dos capixabas para a importância do congo, uma manifestação sem igual em todo o Brasil.

Outro movimento importante, que contribuiu para a divulgação do congo, surge na última década do século XX, tendo à frente o maestro Jaceguay Lins e jovens músicos capixabas, que com a Banda Dois, uniram o ritmo do congo ao rock.

Em meados dos anos 90 a banda Manimal, deflagra de vez o ' rockongo', tornando-o reconhecido pelo público, e divulgando o folclore capixaba em shows por estados brasileiros e países do exterior.

CONGO ELÉTRICO

Em 2001, uma banda de nome Casaca, faz sucesso entre jovens, crianças e adultos, consolidando a fusão do ritmo de raízes capixabas com o rock. Seus integrantes têm participação na Banda de Congo da Barra do Jucu (Vila Velha/ES), mostrando que os músicos de 'rockongo', pesquisam o ritmo e seus instrumentos, e tem afinidades com o congo tradicional.

As bandas Manimal e Casaca, incluem em seu repertório canções como "Nhá, nhá você vai à Penha", e outras cantorias das bandas de congo, acompanhados pelo público jovem. Intérpretes da música popular capixaba como Andréia Ramos, Danilo Diniz e Jonathan gravaram congos em seus CD's.

Também há o surgimento de bandas de congo mirins. A primeira Banda de Congo Mirim foi formada sob orientação da extinta LBA, no ano de 1980, na Barra do Jucu, de acordo com um de seus moradores, o artista plástico Kleber Galvêas. Associações de Apoio ao Folclore foram criadas em diversos municípios capixabas para buscar incentivos para organizar e estimular grupos diversos, bandas de congo tradicionais e formar bandas mirins. Na Serra foram formadas a Banda de Congo Mirim de São Benedito e Santo Antônio de Pádua da Serra Sede (organizada por Dona Lolinha, espôsa do mestre Antonio Rosa), e Banda de Congo Jovens em Prol da Cultura de Nova Almeida.

A Associação Cultural Caieiras, formou através do "Projeto Congo na Escola", a Banda de Congo Mirim da Ilha, que durante três anos, vem desenvolvendo oficinas de história e música do congo, e de fabricação de instrumentos, com crianças dos Bairros da Grande São Pedro e adjacências, colaborando para o processo de formação educacional e da cidadania de menores em situação de risco social. A banda, tem em seu currículo apresentações junto a artistas profissionais e experientes, como: a banda Manimal, Kátia Rocha, Ed Motta, João Bosco, Banda Big Beatles e Orquestra Filarmônica do Espírito Santo.

Atualmente a Comissão Espírito-Santense de Folclore, planeja realizar um mapeamento do folclore capixaba. Segundo o seu presidente Eliomar Mazoco, talvez existam aproximadamente sessenta bandas de congo em atividade no Estado, mostrando que as bandas de congo, estão vivas na memória do povo. Devemos também louvar aqueles que se dedicaram a contribuir para a sua permanência, através de incentivos, da organização, dos apoios, e dos registros escritos, visuais e sonoros, confirmando as sábias palavras de mestre Armojo: de que " o povo está sempre criando, aí criando...".


Notas Bibliográficas.

1- Neves, Guilherme Santos - Bandas de Congo, Cadernos de Folclores, nº 30, Rio de Janeiro, Ed. FUNARTE, 1980, p.3.
2- idem. p.3.
3- ibidem. p.5.
4- ibid. p.4.
5- ibid. p.6.
6- ibid.
7- ibid.
8- ibid.
9- ibid. p.8.
10- ibid.
11- InstitutoNacional do Folclore, Atlas Folclórico do Brasil - Espírito Santo - Rio de Janeiro, FUNARTE, 1982, p.57.
13- idem.
14- ibidem.
15- ibid. p.74
16- Neves, Guilherme Santos, in op. cit., p.12.
17- idem.
18- ibidem. p.17.
19- ibidem, p.31.
20- Gama, Oscar, História do Teatro Capixaba, apud. Aristides Freire, p. 191, Vitória, FCAA e FCES, 1981.
21- Neves, Guilherme Santos, in op. cit., p.20.
22- Mazôco, Eliomar Carlos - O Congo de Máscaras, Vitória, Universidade Federal do Espírito Santo, 1993.
BIBLIOGRAFIA.

A GAZETA - CADERNO DOIS - Vitória, segunda-feira, 17 de novembro,1997, p.1.
Instituto Nacional do Folclore, Atlas Folclórico do Brasil - Espírito Santo, Rio de Janeiro, FUNARTE, 1982.
Fonseca, Hermógenes Lima - Tradições Populares no Espírito Santo, Vitória, Departamento Estadual de Cultura, 1991.
Gama, Oscar - História do Teatro Capixaba, 395 anos, Vitória, FCAA. e FCES., 1981.
Mazoco, Eliomar Carlos - Congo de Máscaras, Vitória, UFES, 1993.
Neves, Guilherme Santos - Bandas de Congo - Cadernos de Folclore nº 30, Rio de Janeiro, FUNARTE, 1980.
Novaes, Maria Stella de - História do Espírito Santo, Vitória, Fundo Editorial do Espírito Santo.
Rocha, Levy - Viagem de Pedro II ao Espírito Santo, 2ª Edição, Rio de Janeiro, 1980.
SÉCULO - O Espírito Santo em Revista - Vitória, ano III, nº 23, janeiro 2002. pp. 7-17.
Siqueira, Padre Francisco Antunes de - Esboço Histórico dos Costumes do Povo Espírito-Santense Desde os Tempos Coloniais até nossos Dias, Rio de Janeiro, Tipografia G. Leuzinger & Filhos, 1893.

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